terça-feira, 12 de outubro de 2010
Janela Sobre a memória
Janela sobre a memória
À beira-mar de outro mar, outro oleiro se aposenta em seus anos finais.
Seus olhos se cobrem de névoa, suas mãos tremem:chegou a hora do adeus.
Então acontece a cerimônia de iniciação: o oleiro velho oferece ao oleiro jovem a sua melhor peça. Assim manda a tradição,entre os índios do noroeste da América: o artista que se despede entrega sua obra prima ao artista que se apresenta.
E o oleiro jovem não guarda essa peça perfeita para contemplá-la e admirá-la: a espatifa contra o solo, a quebra em mil pedacinhos ,recolhe os pedacinhos e os incorpora à sua própria argila.
Eduardo Galeano [ As palavras andantes]
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amei demais
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